segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Diário de viagem:

Dia 04/01/16 – O ônibus com destino a Chapecó – SC saiu da Nova Rodoviária de Brasília pontualmente às 19:20.
A viagem começou com uma sensação de liberdade e logo fiz amizade com a moça que viajou comigo até São José do Rio Preto – SP e desembarcou para continuar sua viagem até Araçatuba, as 5:45 da manhã do dia 05/01.
Fomos compartilhando histórias, conhecimento, aprendizado e ideais, além de balas de canela e Gergeliko...
Trocamos contatos e nos despedimos com um abraço carregado de emoção de quem conheceu mais um amigo para a vida.
O ônibus prosseguiu e a cada parada ficava cada vez mais certo de que levaria mais tempo a chegar ao destino Chapecó.
Um pouco antes de passar por Pato Branco, consegui acessar o facebook no celular, procurando por carona junto com os voluntários que estavam se deslocando até o Mutirão. Logo entrei em contato com uma voluntária que vinha com uma amiga de carro, saindo de Londrina, e que tinham parado em Pato Branco – PR para descansar antes de prosseguir viagem.
Eu ainda não tinha recebido o dinheiro da campanha do Kickante e estava com o orçamento bem apertado, então não pude pagar diária em Pato Branco para ir com as meninas. Segui até Chapecó com a esperança de encontra-las lá. Porém cheguei às 03:30 da manhã do dia 06/01 na rodoviária e elas só sairiam de Pato Branco depois do café da manhã.
Apesar de a rodoviária ter um aspecto um tanto fantasmagórico, por conta de não ter nada funcionando aparentemente, encontrei uma lanchonete aberta e seus dois funcionários assistindo à filmes de terror. Um dos filmes era “A invasora” e a atriz grávida lembrava muito a aparência da minha mãe quando jovem.
O ônibus que saía para Nonoai – RS tinha horário para as 05:40. Fiquei esperando, tentando me manter acordada, até as meninas acordarem em Pato Branco, tomarem café e virem à Chapecó. Mas quando já era umas 06:40 e eu já não conseguia mais me aguentar acordada e descobri que o preço de passagem não era tão alto quanto eu havia calculado resolvi pegar o ônibus.
Então revendo novamente o dinheiro disponível e não tendo tido ainda nenhum sinal das meninas, achei melhor descansar dentro do ônibus e assim fui a Nonoai. Cheguei lá por volta das 08:00 horas e descobri que o ônibus para Alpestre – RS só sairia às 10:30.
Fui até uma agência do Banco do Brasil sacar os 110 reais que estavam na minha conta e na volta passei no supermercado que tinha café com bolachas e cuca disponíveis para “experimentar” e então tomei café da manhã, comprei papel higiênico pois pensei que era algo que eu deveria ter e voltei para a rodoviária para comprar a passagem até Alpestre e aguardar o ônibus... Lá era mais tranquilo e eu me ajeitei em um banco de madeira do saguão e deitei um pouco.
Não fazia ideia de que ainda precisava viajar por mais 50 km até Alpestre e nesse período eu dormi dentro do ônibus, toda torta... Mas o cansaço imperava pois já faziam 39 horas que eu estava viajando desde Brasília.
Ao chegar em Alpestre (ao meio-dia) conheci mais quatro voluntários que estavam no mesmo ônibus que eu. Fomos almoçar em um restaurante perto da praça e lá se foram meus últimos 10 reais, após conseguirmos deixar nossas bagagens com o pessoal da rodoviária e termos descoberto que o ônibus que leva até a Vila Dom José só saía às 17:00 horas.
Tendo muito tempo disponível na aparente pacata cidade de Alpestre, e diga-se de passagem, bastante quente durante o verão, decidi-me por buscar um lugar onde pudesse tomar um banho. Fui informada de que no posto de gasolina havia um chuveiro, chegando lá, perguntei à simpática senhora que cuidava da lojinha do posto se podia tomar uma ducha. Tomei.
Assim que levei minhas coisas de volta à rodoviária fui informada de que havia uma pessoa à minha procura. Pensei que podia ser a Juliana e olhei o celular. Era ela mesma. Fomos então à procura de mais um dos quatro voluntários pois ainda tinha um lugar no carro para irmos à Dom José.

Chegamos às 17:00 horas e fui correndo montar a barraca: só pensava em descansar um pouco. Mas não foi bem assim: como não trouxe bomba para encher o colchão, precisei deitar em outro lugar até que a pessoa que tivesse a bomba chegasse (o Luís, espanhol que fala português de Portugal).