domingo, 9 de outubro de 2016

Me Apresento

 “Sou fera, sou bicho, sou anjo e sou mulher”. Ouço os pássaros, uma música ao longe ou duas, barulhos que pessoas fazem e vozes. As pessoas estão animadas, hoje é domingo. Meu coração está apaixonado, a cada dia mais pela vida. Pela terra, pela integração do homem com a terra, pelos olhos firmes no horizonte mas firmes também ao mirar os meus. Sinto energia, fluidez, força, paz. Sinto o novo tempo que é agora, o presente, a dádiva do dia de hoje. Só por hoje. Só. Palavra tão pequena e tão cheia de significados, dos mais simples aos mais complexos, da beleza e da transmutação do ser.
Sou Só, descobri-me sendo Só, um sobrenome que a vida me deu e que as pessoas muitas vezes surpreenderam-se ao descobrir meu nome e a afirmá-lo. Aqui conheci Ninguém e imediatamente soube que devo honrar meu nome Só. Porque Ninguém tem uma força incrivelmente bela, conquistou um respeito que arrebatou mais de mil corações, e me ouviu. Ninguém me reconheceu e sou muito grata ao Poder Superior que nos guia e que nos dá a permissão de seguirmos na nossa missão, no Caminho Rojo, o Caminho do Coração, o Caminho do Guerreiro.
Sou Maga, sou branca, sou da harmonia, sou 174 em busca do 42. Sou achadora da Verdade, ministrante da Luz Divina que é o Bem, cantante e dançante, gritante e extasiada com o Belo. A rua é o caminho, onde tudo acontece. A Rua Principal é o meu endereço. O Solo Sagrado é o meu destino, Guarapiranga, mas também Japão.
Jalapão é um sonho que se aproxima do meu coração. No centro está a centelha divina que me anima. Conecto, inspiro e expiro. Sinto o Ar que também sou, a Terra que tenho em mim, a Água que me faz fluir e o Fogo que aquece aquilo tudo o que toco.
Toco fundo na tu'alma, se me permite um olhar. Enxergo-me em ti quando miro certeiro nos teus olhos com os meus. Alegria e sorrisos são meus bens preciosos e carrego sempre comigo, por onde vou. Meu amor ama a todos porque não é meu, é nosso. Amamos uns aos outros porque Somos Todos Um. Amamos com a pureza de uma água cristalina que brota da terra em que vivemos. Amo A Vida, O Universo e Tudo o Mais. Amo no passado, no presente e no futuro, porque o Amor não se prende ao Tempo.
Sou atemporal, multidimensional, única. “Todos somos, cromossomos”. Peço e sou atendida prontamente, a gratidão é extrema. Venho pedindo e recebendo sempre mais e sempre muito melhor do que peço, porque entrego. Compartilho tudo o que recebo de diversas formas, quando sou firme no propósito e me comprometo com a minha palavra, quando acredito em mim mesma. São vocês, meus amores que me mostram como me amar, que me ensinam o cuidado e o carinho da vida, esta vida incrível que compartilhamos nesse ciclo de existência na matéria.
Falar de mim, como sou, como penso e como sinto é um exercício tremendo. Exige confiança. Exige abrir mão do controle. Exige humildade, força e coragem. Exige entrega. Entregar aos cuidados de Deus, na forma que eu compreendo Deus, os resultados de minhas atitudes todas. Estou aprendendo com vocês e comigo mesma. Observando e interagindo. Captando e armazenando energia. Obtendo rendimento. Praticando a auto-regulação e aceitando feedback. Usando e valorizando os serviços e recursos renováveis. Não produzindo desperdícios. Partindo de padrões para chegar aos detalhes. Integrando ao invés de segregar. Usando soluções pequenas e lentas. Usando e valorizando a diversidade. Usando as bordas e valorizando os elementos marginais. Usando criativamente e respondendo às mudanças.
Entendendo-me como um ser em constante aprendizado, entendo tu. Te vejo com teus erros e acertos, assim como eu com os meus. Isso é premissa básica para relacionarmos-nos uns com os outros. Mas não é tudo. É apenas o princípio. O início de um encontro. E quando tu me encontras e me aceitas como somos nós, podemos vislumbrar um futuro juntos.
Desenho-me, protipo-me, experimento-me e acerto-me, redesenhando e remodelando a todo o momento. Somos luzes recobertas com nuvens de pó. Quando nos encontramos, sopramos a poeira um do outro para brilharmos melhor. Antes que a luz transmute para outra dimensão e deixe aqui somente o pó. Se permito, se aceito, se entrego, sou Só.
Meu nome é Jéssica MAGAlhães Só, muito prazer.


sábado, 1 de outubro de 2016

Primeiro Dia

Hoje é o primeiro dia. Acordei com vozes na horta e por toda a casa elas se espalhavam, eram duas vozes. Era uma conversa, não podia entender o que conversavam. Demorei mais um tempo na cama, buscando uma posição confortável para abrir os olhos e entender o que estava acontecendo fora do meu quarto.
Levantei de supetão, abri energicamente as janelas do meu quarto. As vozes se distanciavam, ora calavam, ora ficavam tão próximas. Olhei para o relógio laranja no meu pulso e tentei calcular por quanto tempo estive dormindo. Obviamente não consegui, porque não tinha percebido a hora em que adormeci. Sabia apenas que meu corpo estava bem cansado.
Há alguns meses atrás os movimentos que meu corpo estava habituado a fazer eram bem limitados. Frequentemente os joelhos reclamavam do sobrepeso que eram obrigados a sustentar, reclamavam até desistirem de colaborar nos movimentos. Eu não ficava horrorizada. Sabia exatamente o que estava acontecendo. Ainda na adolescência havia sido diagnosticada com “condromalácea patelar”. Ao não entender o diagnóstico, o ortopedista que me atendeu me explicou assim:
_ Você nasceu com os joelhos tortos. Virados pra dentro.
Levei um susto! Nunca tinha percebido isso! Ninguém havia reparado também, ou pelo menos nunca comentaram comigo. Saí da consulta com exatamente o que eu sempre quis ter: uma desculpa para não ser obrigada a frequentar as aulas de educação física, recebi um atestado médico dizendo que eu precisaria sair das aulas de “step” e de qualquer outra modalidade física que gerasse impacto nos joelhos. Foi quando quase entrei em pânico ao descobrir que teria que entrar para a natação. Sempre tinha gostado de água, de nadar, desde criança que cresci frequentando rios no interior do Tocantins. O problema era a piscina. Estava cursando o 1º ano do Ensino Médio em uma escola super incrível (e realmente cara), que ficava em um shopping próximo de um dos bairros novos com o m² mais caro da cidade. Minhas aulas de línguas estrangeiras eram no Yázigi e as de educação física eram na Academia Julio Adnet. A piscina ficava na vitrine do shopping, e não somente a parte de cima, mas a parte submersa também. Eu JAMAIS iria colocar um maiô e ficar exposta em uma vitrine de shopping seminua enquanto era obrigada a nadar para receber nota. Preferia repetir de ano.
Voltando aos meses passados, eu tinha conseguido engordar tanto quanto tinha engordado em uma de minhas crises de depressão, super forte que tinha se arrastado até 2009. Estava pesando 98kg novamente. O que mais me irritava era ter que lidar com as dores terríveis no joelho e fazer a fisioterapia. Na verdade eu até gostava da fisioterapia, não gostava era de ir até lá e voltar a pé e de metrô. Certa vez, um dos fisioterapeutas que me atendia disse que eu melhoraria mais rápido se fizesse hidroterapia. Lá fui eu pra piscina! Depois de adulta não me importo tanto em colocar um maiô ou mesmo um biquini e aparecer seminua na frente de estranhos.
Percebi que engordar era para mim uma forma de me proteger. Psicologicamente falando, porque fisicamente, claramente eu me torno muito vulnerável. Se estou gorda as pessoas tendem a se afastar, não sou tão assediada, posso me isolar tranquilamente. Fico quase invisível, ou pelo menos sou bem ignorada. Mas também notei que isso difere de região para região. Tem lugares em que as pessoas insistem em ser amáveis e queridas, as vezes acabam sendo melosas e grudam em você...
Normalmente eu engordo pela preguiça e pelo comodismo. Gosto de não ser incomodada, de fazer só o que tenho vontade e de economizar energia do corpo para gastar mais na mente. Sou do tipo mental. Amo jogos, desafios, literatura, enfim, tudo o que tem a ver com ficar quieto e se concentrar em determinada situação. Sou nerd. Uma nerd multifuncional e desde que descobri as artes de rua, me senti uma pessoa invencível. Porque um dos jogos que me trouxe a maior paixão do mundo foi o RPG, um jogo de interpretação de personagens, e do live-action que é uma modalidade em que você realmente atua, como um ator ou atriz, só que sem decorar textos e falas. É tudo no improviso. Seu personagem vai se moldando à situação que está acontecendo e de acordo com as suas características pré-determinadas vai tomando ações.
Na vida real, fiz um curso de performer, artista de rua. Saí por aí experimentando, desenvolvendo meu personagem, mas também a minha pessoa. Porque na rua eu não tinha um “codinome” eu me apresentava como eu mesma. Os blefes, se necessários para escapar de situações perigosas eram sempre usados. Mas o que eu mais gostei e continuo gostando é observar as reações das pessoas quando confrontam informações reais dadas por mim. As pessoas costumam achar várias coisas sobre isso, e muitas vezes me alertam sobre o perigo de fornecer a verdade para “estranhos”. Tomam-me por ingênua. Devo ser, talvez. Ou talvez eu seja o perigo. A verdade te liberta e te libertará sempre. Eu adoro a verdade, minha religião tem na Verdade um dos seus pilares de sustentação. Verdade, Bem e Belo.
Um dia, no ano passado (2015), resolvi que queria praticar tudo o que estava aprendendo. Tinha entrado em um programa que ensina uma nova maneira de viver a alguns anos atrás e percebia claramente que quanto mais eu me autopesquisava e me conhecia, mais eu notava o quanto estava bem longe da minha vida real.
A depressão tem dessas coisas de fazer você se perder de si mesma. Aí quando você vai melhorando demora um pouco a ter discernimento o suficiente para entender quem se é de verdade e quem se está tentando ser. Eu estava tentando com muita dedicação e empenho ser alguém que eu acreditava que eu deveria ser, mas de uma forma meio inconsciente. O autoengano era tamanho que acreditava que meus personagens tinham sumido e que na verdade era a mim mesma que estava começando a conhecer e a mostrar para os outros minha verdadeira essência. Não.
Resolvi que não tinha mais como eu continuar interpretando alguém para mim e para os outros da minha vida, como se esse alguém fosse eu mesma de fato. Ainda tenho muito a pesquisar dentro de mim para me conhecer melhor, fato. Porém agora estou mais próxima de mim do que estava no ano passado.
Defini alguns pontos importantes no meu auto-conhecimento e no que quero viver na minha vida. Um deles é aumentar a minha convivência com meu pai. Quero conhecer todo o meu lado paterno, tanto meu pai, quanto seus familiares.
Durante minha infância morei em muitas casas diferentes, em várias cidades e conheci muitas pessoas e estudei em várias escolas. Uma cidade específica foi muito importante, desde os meus quatro anos de idade, porque vivenciei muitas experiências nela e fiz amigos que tenho até hoje. Esta cidade é bem pequena, humilde, cidadezinha simples do interior do Tocantins, hoje com 15 mil habitantes, Taguatinga. Antes ficava próxima de Mimoso do Oeste na Bahia, e Barreiras. Agora fica perto de Luis Eduardo Magalhães, a cidade baiana com a maior quantidade de gaúchos residentes. Eu sou gaúcha, filha de gaúchos e meus parentes estão em sua maioria no estado do Rio Grande do Sul, que é o estado onde vim morar desde março deste ano (porém em uma cidade longe dos familiares).
Meu pai ainda mora em Taguatinga, no Tocantins e é lá o lugar onde quero estabelecer minhas raízes. E isso tem tudo a ver com o motivo que me trouxe para voluntariar no projeto do Marcos Ninguém. Quero me empoderar. Saber planejar um assentamento humano sustentável, com todas as pétalas da permacultura integradas. Quero empoderar as pessoas que moram lá, que elas possam buscar seu autossustento e de suas famílias sem agredir o meio em que vivem, que possam preservar suas riquezas naturais e melhorar sua qualidade de vida. Fomentar o ecoturismo, o turismo rural e o de aventuras integrado a um ecohostel que funciona também como escola viva de saberes, com uma farmácia viva, hortas, espirais de ervas, com uma agrofloresta e bambu. Que trabalha também como o turismo colaborativo e que incentiva toda a população a fazer as pazes com as sabedorias ancestrais em busca de uma saúde coletiva.
Esse é o primeiro dia.




terça-feira, 14 de junho de 2016

Vakinha para a Permacultura nas estradas!

Pessoas queridas!

Quando falamos "queria que nesse mundo as pessoas fizessem algo por um mundo melhor", será que nos autoanalisamos e vemos qual a nossa parte que estamos fazendo para talvez fazer parte desse grupo de pessoas que queremos que existam? E será que contribuímos para que essas pessoas existam e continuem agindo em busca de um mundo melhor?

E se EU me amarrei de tal forma na vida que SER uma dessas pessoas
está longe de ser uma realidade. SERÁ que eu posso, ainda assim, fazer alguma coisa que IMPACTE POSITIVAMENTE?

SIM!!!! Existem várias maneiras de colaborar, uma delas é apoiando com pequenos valores aqueles projetos que você sente afinidade (foi assim que eu comecei).

Então, ao invés de gastar naquele lanche ou naquela coisa que você nem precisa de verdade, invista em um projeto de baixo custo e alto impacto cultural/social! R$10, R$15 o valor que não lhe fará falta, mas fará uma grande diferença no projeto de um grupo ou de alguém que está fazendo exatamente aquilo que você acredita que precisa existir!

Este é um projeto bem bacana que se você se identificar já pode colaborar:

O Marcos Ninguém junto com a UniPermacultura e os voluntários que suportam o projeto em Alpestre(RS) estão com a proposta de criar uma nova maneira de levar projetos socioambientais a quem mais precisa.

"Somos um projeto autônomo de resistência, soberania rural e da cultura de paz! Queremos arrecadar $ pra reformar um motor home antigo que compramos e transformá-lo numa unidade móvel de Permacultura!

O nosso objetivo é levar ferramentas e equipe para cursos e oficinas, palestras,visitas a escolas, ONG's, encontros, feiras orgânicas, ecovilas, comunidades, bairros, favelas e áreas em situações de risco aqui em nossa região. Também será um cinema ambiental móvel."

Colabore com a quantia que o seu coração mandar! <3

TODO e QUALQUER valor será muito bem vindo!

domingo, 8 de maio de 2016

Dia das Mães

Ontem a noite fui à missa, eu nunca fui e ainda não sou católica. A Bárbara, violinista, musicista e o João multi-instrumentalista foram convidados para tocar nessa missa, uma missa especial de Dia das Mães. Um carro da prefeitura viria nos buscar e nos trazer de volta após a missa. Perguntei como fazer para ir também, me informaram que se eu estivesse pronta às 16h e se coubesse no carro eu poderia acompanhá-los. Deu certo. Além dos dois músicos, a Betânia e eu fomos junto (e no carro ainda havia espaço para mais duas pessoas irem junto).
Ao final da cerimônia (que eu achei muito curiosa e entendi o porque acho engraçado os rituais da minha própria igreja, messiânica), teve uma homenagem dos alunos da Escola Cristo Redentor. Uma menina de uns 8 ou 9 anos recitou de cor durante uma caminhada pelo tapete principal da igreja segurando um microfone uma poesia linda dedicada às mães. Então, uma dupla com um violão e duas vozes cantaram uma música sobre a gestação, mês a mês sobre como o bebê vai crescendo e os sentimentos dele em relação à mãe e os dela em relação ao bebê. Chorei. Foi muito lindo. Borrei o lápis de olho com minhas lágrimas.
Sinto muitas saudades da minha filha, falo com ela de vez em quando com videos-chamada, falo com minha mãe também. Hoje eu liguei pra elas, desejei feliz dia das mães para minha mãe, conversei bastante com minha filha mandei um oi para a minha avó que estava em uma vídeo-chamada com a minha mãe pelo celular. Amo a tecnologia <3
Recebi um abraço muito gostoso e umas palavras muito carinhosas da Maricota. Chorei de novo. Não me sinto frágil, estou de TPM. Me sinto uma mulher plena, seguindo o caminho que escolhi, com muito amor, muita dedicação e força de vontade, com coragem, uma guerreira. Estou em um auto-enfrentamento constante, porém com compaixão, sem comiseração.
Venho encontrando meu real tamanho, em uma jornada de auto-conhecimento intensa com ferramentas que chegam até mim na medida em que vou me tornando apta a manuseá-las. Durante tanto tempo da minha vida questionava-me do porquê eu não me sentia apta a utilizar minhas habilidades e meu conhecimento de maneira plena, do porquê minha ação não acompanhava meu pensamento ou o meu sentir. Uma imaturidade, uma insegurança, uma rebeldia, uma ansiedade angustiante me acompanhavam por tantos anos e me impeliam à fuga de mim mesma.
Hoje o dia foi muito especial, de muitas maneiras. Tivemos sushi vegano de almoço, um filme para acompanhar a chuva, uma sopa quentinha e daqui a pouco teremos uma deliciosa torta de maçã acompanhada de café. 
A vida aqui é muito intensa, os relacionamentos constantes. Uma semana quase equivale a um pouco mais de um mês, faz apenas dois meses que eu cheguei a Dom José e já tenho tanta convivência com todos, tantas atividades realizadas que já parece que estamos juntos a um ano. Com algumas pessoas a sensação é de que sempre os conheci, como se tivessem feito parte da minha vida desde sempre. Me sinto no lugar certo e tenho muita gratidão à todos que me propiciaram estar vivenciando tudo isso. 

Obrigada, eu agradeço, agradeço, agradeço, agradeço! Gratidão aho!

Jéssica Magalhães

quarta-feira, 23 de março de 2016

Mãe e Filha Pelo Mundo: O projeto acabou? O que aconteceu?

O projeto para participarmos juntas (minha filha Giulia de 14 anos e eu) de um mutirão voluntário de bioconstrução tinha se dividido em duas partes, devido a questões escolares (por conta da greve que acabou atrasando o calendário letivo e impossibilitou a participação dela).

A primeira parte, que já está em processo de conclusão, onde fui sozinha voluntariar e a segunda onde iremos juntas. 

O projeto não acabou porém a segunda parte só será realizada no final do ano ou início do ano que vem. Isso para garantir a melhor experiência para ela, participar como voluntária nos meses de verão, nas férias e sem grandes tensões escolares.

Minha aproximação da prática da sustentabilidade, da prática do serviço voluntário abnegado tem me proporcionado grandes ensinamentos. Sinto que me desenvolvi como a mulher que sou hoje, com 31 anos. Venho me fortalecendo e sentindo o contato com a terra me desperta a responsabilidade real que tenho como educadora. A prioridade em resgatar e fortalecer meus laços familiares cresce a cada dia, estou entregue ao amor à vida e ao serviço, buscando e transmitindo a luz que encontro. Minha fé cresce a cada dia, encontrei entre os voluntários, outros dois membros da mesma religião que eu sigo e temos praticado juntos a nossa fé.

Tenho uma gratidão imensa para com Deus por sempre me dar a exata medida do que preciso, mesmo quando eu não sei o que eu preciso. Venho confrontando minhas falhas de caráter, observando meus comportamentos e alterando minhas atitudes dia após dia. Me relacionar com as pessoas sempre é um desafio, sou muito empática e me surpreendo muito ao perceber que a maioria das pessoas não o é.

Sou parte da realidade nova que vem sendo construída e desenvolvida a cada dia por tantas pessoas cheias de luz, mas também de sombras como eu. Minha filha merece a mãe em que estou me tornando hoje, ela merece todo amor e toda a beleza do mundo, todas as alegrias e todas as bênçãos.

Uma pessoa não deve se limitar por nada que seja dito por outra pessoa. Aceito toda a ajuda para seguir educando minha filha com todas as experiências que edificarão seu ser. Entrei nessa por um bem maior: para mostrar na prática que todos somos autores de nossa própria história, que para seguir seguindo é só seguir, que para mudar é só mudar, que para conquistar algo é necessário atitude, honestidade, mente aberta e boa vontade.

Enfim, minha gratidão fala quando me importo e quando compartilho com os outros os caminhos que me levaram ao sucesso. Só eu posso fazer algo por mim, mas não posso sozinha, venho trabalhando em mim a humildade para aceitar que preciso pedir ajuda sempre que não estiver dando conta sozinha.

Então peço ajuda a você que me acompanha :) Compartilha minha história?

Gratidão! Aho!

 

Um dia típico na Estação Marcos Ninguém de Permacultura durante o Diplomado em Permacultura


1. Não existe um dia típico

2. Existem 4 tipos de alunos:

> Aluno residente na cidade de Alpestre-RS (bolsista). Mora na cidade e trabalha lá durante o dia. As 18:00 pega um ônibus cedido pela prefeitura para a Vila Dom José assiste as aulas de 19:00 as 20:30 janta e volta para a aula de 21:00 às 22:00 e pega o ônibus de volta para Alpestre.

>Aluno residente na Vila Dom José: paga a mensalidade do curso de R$100, custeia seus gastos pessoais e assiste as aulas que começam as 19:00.

>Aluno residente na Vila Dom José optante pelo voluntariado na Estação: 7:00 toma café da manhã na Estação, as 8:00 inicia os trabalhos, as 12:00 almoça na Estação, as 14:00 volta ao trabalho e as 16:00 está livre para se preparar para a aula as 19:00. Paga R$100 da mensalidade, R$200 do custeio da alimentação (R$50 por semana) mais suas despesas extras com aluguel e outros gastos pessoais.

>Aluno residente na Estação optante pelo voluntariado: 7:00 toma café da manhã na Estação, as 8:00 inicia os trabalhos, as 12:00 almoça na Estação, as 14:00 volta ao trabalho e as 16:00 está livre para se preparar para a aula as 19:00. Paga R$100 da mensalidade, R$200 do custeio da alimentação (R$50 por semana) mais seus gastos pessoais.

3. Quem é voluntário participa da divisão e rotação das tarefas diárias de duas maneiras:

{1} através do seu clã (águia, cavalo, lobo ou jaguar) que durante 1 semana ficam responsáveis por tarefas divididas entre: cozinha, limpeza, estação e harmonia.

{2} através de grupos de trabalho entre áreas administrativas, planejamento estratégico, comunicação, plantio e manejo agroecológico em conjunto com os produtores rurais, fabricação artesanal de produtos agroecológicos, comercialização dos produtos, criação e desenvolvimento de oficinas práticas, bioconstrução e venda das casas na Ecovila Dom José II.

4. O trabalho voluntário é de segunda à sexta nesses moldes. Aos sábados o trabalho é até o meio dia. Domingos e feriados são livres.

5. Aulas em campo e práticas são dadas em alguns dias no período do dia, além das aulas noturnas.

6. A Permacultura incentiva a construção de boas relações com as pessoas (físicas e jurídicas) e a Estação vem desenvolvendo um design social com os moradores da região para construir laços fortes e duradouros, bem como buscando apoio em órgãos como a Emater e o Sindicato Rural além da Prefeitura.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Desdobramentos da experiência: quais são meus próximos planos e o que me levou a traçá-los

Olá!

Decidi embarcar nessa "aventura" para sair da teoria, para encarar a realidade daquilo que estava defendendo com tanto afinco. Ao ter mergulhado dentro de mim mesma, em um processo de auto-conhecimento fui descobrindo o que me trazia bem estar, o que quando eu pensava a respeito, me inspirava, o que quando eu lia ou pesquisava mais, me fazia suspirar, o que quando assistia, me dava vontade de participar...

Aquilo que me move

Foi assim que descobri o quanto a sustentabilidade (em seu âmbito global: social, econômica, cultural, ambiental) me encanta e me motiva! Mas precisava ver como eu me comportava com ela, eu não era uma pessoa muito alinhada com os meus princípios e os meus ideais, apesar de me esforçar para isso. A transição foi acontecendo aos poucos, mas eu sempre me via presa nos meus comportamentos arraigados, nos hábitos familiares que cultivamos por tantos anos, nas armadilhas que o sistema educacional, a mídia tradicional e a conjuntura política e econômica reforçam a cada instante.

Obstáculos

O primeiro obstáculo a vencer foi a necessidade de ter dinheiro. Eu não preciso ter dinheiro. Eu preciso transferi-lo. Fazer essa conexão. Preciso visualizar onde ele está disponível para me ajudar a realizar o que quero, e se a disponibilidade dele é fracionada, preciso reuni-lo para entregar na quantidade necessária para garantir minha ação. E essa ação é qualquer uma: me abrigar, me alimentar, viajar, construir, ensinar, compartilhar, divulgar, abrigar outras pessoas, alimentar outros, criar, modificar, reciclar...

Medos

Quando me rendi, resolvi me dar uma chance de não ter mais medo das respostas dos outros. Resolvi testar como estava o meu relacionamento com as pessoas próximas a mim. Temia que, por não ter alimentado muitas relações com pessoas das quais gosto muito, eu pudesse ser rejeitada ou incompreendida por elas. E de fato isso aconteceu. Mas em uma proporção muito menor com a qual eu estava esperando. Além do mais, me surpreendi com o apoio de outras que me deram muito mais força para continuar nesse caminho da transparência, honestidade, mente aberta, boa vontade e humildade.

Valores

Assim foi quando eu lancei minha campanha de financiamento coletivo, para que muitas pessoas pudessem colaborar com um pouco e ainda ganharem algo meu em troca da colaboração monetária, uma troca. Percebi que eu valorizo muitas coisas que para outras pessoas não possuem muito valor. Isso me fez pensar que talvez eu tivesse em uma caminhada solitária ou mesmo um ideal muito fantasioso, longe da realidade, e quem me apoiou o fez por consideração à minha pessoa. 
Ainda bem que tudo isso se dissipou quando eu cheguei lá no Mutirão. Conheci cerca de 70 pessoas que compartilhavam dos mesmos valores, princípios e tinham ideais semelhantes aos meus. Então me entreguei à experiência como uma educanda ávida de conhecimento prático, de vivências, de contato profundo com a terra e com tudo o que ela provê.

Decisões

A Permacultura mexeu comigo. Profundamente. Ela é a prática da sustentabilidade global. A experiência foi tão bacana e profunda que, apesar de já ter decidido que não faria o curso de Diplomado em Permacultura, comecei a sentir que não fazia sentido eu não fazer o curso pois é com isso que eu quero trabalhar e viver.

Quando, como?

O Diplomado começa agora, em 07 de março de 2016. Lá, na Vila Dom José no município de Alpestre, no Rio Grande do Sul. E eu decidi que irei fazer. É isso que importa na verdade, é saber o que eu quero fazer. A parte do "como" é a mais fácil, pois não cabe exatamente à mim. Funciona assim:

Defino o objetivo final, traço os planos que estão dentro do que eu posso realizar para alcançá-lo e entrego os resultados para Deus! Fé e confiança. Se não der certo é porque não estava alinhado àquilo que é bom para todos, nesse caso mudo o objetivo.

Por que?

O que eu vou fazer com esse curso é o que importa. Eu quero abrir uma empresa social, sou formada em Administração e a empresa que quero abrir é um eco-hostel permacultural com estrutura para turismo social, ecológico, de aventuras e rural em uma pequena comunidade no interior do estado do Tocantins. Pretendo com isso melhorar a relação dos habitantes com o ambiente em que vivem, fomentar uma consciência ambiental de conservação das riquezas naturais, melhorar a renda, fortalecer a cultura da comunidade empoderando-os.

Empresa social

Uma empresa social é aquela que parece uma ONG, mas que atua nos moldes de uma empresa, com lucro. A diferença é que o lucro é todo revertido para a melhoria do negócio, aumentando seu poder de melhorar a comunidade onde está inserida. É diferente de uma cooperativa porque a forma como ela se organiza é diferente.

E o que estou fazendo para chegar lá?

Criei uma roda de conversa, uma pequena palestra, para compartilhar com as pessoas como eu saí da inércia que estava para ir atrás da minha realização e para ouvir delas o que elas estão buscando e o que estão conseguindo encontrar. Como eu comecei a construir a realidade em que quero viver e o mundo que quero sustentar, aproveitando os recursos disponíveis e abundantes que temos graças à tecnologia. Desenvolvi um curso-rápido, um workshop de 5 horas,  utilizando dos princípios da Fluxonomia 4D, para traçar um plano de ação personalizado para cada participante que pode ser aplicado imediatamente, mesmo que ele não disponha de reservas monetárias para empreender.






quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Experiência com o voluntariado no Mutirão de Bioconstrução

Olá! Tudo bem com você? Sei que você deve estar curiosx para saber o que estou fazendo agora que já voltei lá do Mutirão da Bioconstrução. O livro (e-book) sobre a experiência, com os relatos diários da viagem e dos aprendizados já está em processo de elaboração, pretendo finalizá-lo e entregar até o final de abril deste ano (2016).


Como você já sabe, minha filha não foi junto comigo neste primeiro Mutirão, apesar de esse ter sido meu plano inicial. Foi bom que eu tenha ido antes para conhecer e sentir o ambiente, observar se ela pode se adaptar e se pode realmente ser uma experiência com os valores que eu quero transmitir a ela. Agora posso afirmar com certeza de que essa é uma experiência que trará um crescimento enorme para nós duas, tanto individualmente como na nossa relação!


Curtindo uma fogueira e um violão

Primeiras impressões, dúvidas e receios


Eu não conhecia nenhuma das pessoas que encontraria por lá. Tudo a que tive acesso foi através do e-mail que recebi com as regras (como resposta ao e-mail que enviei minha inscrição) e as pessoas que eu podia supor que iriam através dos comentários que faziam nas postagens da página da Estação Marcos Ninguém de Permacultura. Tinha dúvidas com relação à rigidez das regras que recebi, se elas eram apenas formalidade ou se seriam realmente cobradas, especificamente no que tangia ao consumo de álcool e outras drogas, que era proibido expressamente, assim como o consumo de cigarros industrializados (o tabaco era permitido contanto que fosse natural e maconha é uma droga ilícita, portanto proibida). Receava que, talvez, as regras servissem para proteger a empresa de investigações policiais, mas que na prática a realidade pudesse ser outra.

Ainda bem! No primeiro dia, ao realizar a inscrição pessoalmente com a secretária Cris, as regras foram reforçadas e eu perguntei abertamente sobre a questão na prática, para não haver nenhum mal entendido. Afinal, eu quero um ambiente seguro para conviver com a minha filha. Logo mais, à noite, o próprio Marcos Ninguém falou de novo todas as regras e deixou muito claro que as pessoas que não estivessem de acordo com elas, principalmente com a questão do álcool, maconha, ou qualquer outra substância ilícita, poderiam deixar o Mutirão. Ele explicou o projeto de Design Social que a Estação vem desenvolvendo junto à comunidade rural da Vila Dom José e do quanto eles prezam a própria reputação e são sérios com os serviços a que se propõem a realizar.

Pedindo carona no ponto de ônibus

Acomodações, trabalho em equipe e cronograma da semana


Levei barraca e colchão inflável, mas quem fez a inscrição antes e solicitou alojamento podiam ficar em quartos coletivos, divididos em feminino e masculino. À medida que os voluntários chegavam e iam tendo problemas com suas barracas ou mesmo não tinham se preparado para acampar, algumas salas de aula (a Estação está funcionando em uma escola que fechou por falta de alunos, depois do advento da barragem que construíram no Rio Uruguai) iam acomodando-os de maneira mista. Tínhamos 3 banheiros: um unissex (com um bom chuveiro, uma privada e pia), um feminino e outro masculino que eram coletivos.

Todos os voluntários eram distribuídos em quatro equipes assim que faziam a inscrição na secretaria, eram elas: LOBO, ÁGUIA, CAVALO e JAGUAR. A cada dia uma das equipes ficava responsável por um serviço a ser realizado no dia: Limpeza, Cozinha, Harmonia e Estação. De segunda à sexta tínhamos a seguinte rotina: as 7h café-da-manhã, 8h obra (bioconstrução), 12:30h almoço, 14h serviço em equipe do dia, 16h obra, 18:30 banho de rio, 20h jantar. No sábado não íamos à obra na parte da tarde, e no domingo tínhamos o dia livre (com exceção do serviço em equipe).



Fogueira e violão S2


Se não é divertido, não é permacultura!


Momentos de descontração aconteciam o tempo inteiro! Tinha sempre um clima de diversão apesar de todo o trabalho pesado que realizávamos. Uma música tocava, alguém cantava, a riqueza cultural de tantas pessoas que vieram de tantos locais e de uma variedade de áreas de estudo era latente, quase materializava-se. O humor era balanceado, nem todos acordavam sorrindo ou fazendo piadas o tempo inteiro, mas que era difícil alguém ficar de cara amarrada por muito tempo, ah era mesmo! 

Os lugares mais divertidos, normalmente eram aqueles que mais exigiam do nosso físico, o trabalho só era pesado para o corpo, para a mente era leve! Eu gostei muito da marreta de borracha e do maçarico. Enquanto marretava as paredes de superadobe em busca de nivelá-las, mentalizava e verbalizava que estava moldando e construindo minha nova realidade. Tão gostoso, sentir meu corpo trabalhando com todos os músculos para construir a realidade dos sonhos! E a sensação extasiante que tive ao usar o maçarico e ver aquela textura da terra cor de chocolate compactada e cheia das marcas da marreta? Bioconstrução é amor <3


Eu escrevo aqui por mim, mas por você também! Conta pra mim o que você está achando?



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sábado, 6 de fevereiro de 2016

Diário de Viagem _ Chegada a Alpestre - Continuação

Chegada a Alpestre 06/01/16:
Acordei às 19:16, um pouco atordoada ainda, mas já descansada. Nesse tempo em que dormi várias pessoas chegaram também, entre elas o Luis. O céu estava bem claro ainda, mas da cozinha já vinha um aroma delicioso e convidativo do jantar. Fui até a Amanda, voluntária da parte administrativa e perguntei sobre quem era o Luis e a lembrei de que eu ainda precisava da bomba para encher meu colchão inflável. Eu tinha uma certa pressa pois imaginava que já ia escurecer e eu não tinha levado lanterna, mas para minha surpresa o sol só foi se pôr perto das 21:00.
Logo que terminei de encher o colchão, dois voluntários que estavam dividindo a barraca ao lado, o Eduardo, do Rio de Janeiro, e o Luis, de Foz do Iguaçu, me pediram a bomba também. Ainda estava cedo, peguei uma muda de roupa, minha toalha e minha necessaire e fui tomar banho. Do chuveiro só saía um filete de água "gelada", que era quente pois o clima era muito calor.
Às 20:00 tocaram o sino para o jantar.
Todos fizeram um círculo dentro da cozinha e se deram as mãos. O Felipe (um colombiano) tocou seu violão e todos cantaram umas músicas de agradecimento. Uma delas era bem curiosa e impregnava facilmente na mente:
"Eu estou bem!
Tudo está bem!
Cada celulinha do meu corpo está bem!
Cada celulinha do meu corpo está alegre!
Cada celulinha do meu corpo está bem!"
E essa estrofe era repetida infinitamente até que todos estivessem com sorrisos nos rostos. Algumas pessoas dançavam em seus lugares enquanto cantavam. A cozinha tinha uma equipe fixa de voluntários, sendo que um era inteiramente responsável pelo almoço e outro pelo jantar (sobre decidir o que será preparado, cozinhar e orientar todos que estiverem ajudando), dois voluntários para preparar o café-da-manhã, que era servido pontualmente às 7:00 com exceção dos domingos onde era servido às 8:00.
Na Estação de Permacultura Marcos Ninguém (EMN) a cozinha é considerada o coração pois é onde todos se alimentam e se conversam, onde os avisos são dados, onde há uma colaboração constante para garantir todo o funcionamento da estação por inteiro. Assim sendo, durante o agradecimento pelo alimento, a equipe de voluntários da cozinha sempre é ouvida (normalmente apenas um fala pela equipe toda).
Após o agradecimento uma fila se organizou de maneira completamente orgânica (não tinha uma ordem certa, quem estava mais próximo de onde seria o início dela ficava onde estava, pegava um prato e ia sendo servido, e os que estavam em outros lugares iam se encaminhando para o final dela, sem qualquer correria ou "esperteza"). Aproximadamente 5 voluntários ficavam atrás das mesas servindo as comidas que estavam em grandes panelas e travessas que eram dispostas logo após das pilhas de pratos de vidro e talheres que cada um pegava.
A dieta da EMN é vegetariana e muitos voluntários são também Veganos (com dieta vegetariana estrita, ou seja, não comem absolutamente nada que contenha algum ingrediente proveniente de animais, como ovos, leite e mel). No primeiro jantar que tivemos tinha: arroz, feijão, batata doce com pimentão colorido e cebolas refogadas, salada de repolho com cenoura ralada, manga e pepino. Para quem gostava, tinham três vidros com tipos diferentes de pimenta além de farinha (de mandioca).
Podíamos escolher sentar nas cadeiras e mesas da cozinha ou jantar lá fora nos bancos e mesas da varanda da frente, eu sentei lá fora. Ainda estava me ambientando então simplesmente não opinei com relação ao que foi servido e à quantidade de comida que colocaram no meu prato, mas era muita comida (e eu comi tudo!). Fiquei observando e escutando as pessoas conversando, todos muito amistosos, alguns eram mais observadores e ficavam mais quietos, como eu também.
Ao terminar fui ter minha primeira experiência com a Lavagem Permacultural: tinha um cesto grande com tampa onde os restos de alimento eram raspados do prato e 4 mesas escolares com 4 bacias grandes em cima de cada mesa. Na primeira bacia, cheia de água, mergulhei o prato e os talheres e passei as mãos para limpar a sujeira, tirar o excesso de comida. Entre a primeira e a segunda bacia, havia um pires com sabão e bucha, lavei o prato e os talheres com ela e os mergulhei na segunda bacia com água para tirar o sabão. Na terceira bacia, com água mais limpa, passei os talheres e o prato para tirar qualquer resquício de sabão e então os coloquei na última bacia para escorrer. 

Voltei até a varanda onde as conversas ainda estavam animadas e após todos terem terminado de jantar e lavar sua louça, fizeram uma reunião para nos explicar como seria nosso mutirão, as regras da estação e etc.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Agradecimento Especial

Olá!

Essa primeira parte do projeto só foi possível graças à colaboração de muitas pessoas queridas que acreditaram nessa empreitada e nos frutos que seriam gerados através dessa experiência. Foram mais de 32 horas de viagem até chegar ao local do Mutirão, 15 dias de voluntariado e muito aprendizado com pessoas incríveis com várias formações e de diversos lugares do Brasil, todas no mesmo propósito: aprender e se doar para materializar os sonhos de nossos iguais, afinal SOMOS TODOS UM!

Aos poucos irei publicando aqui meus relatos das experiências vividas durante meu voluntariado, acompanhem ;)

Agora segue a lista a quem eu quero agradecer especialmente, pois fez toda a diferença:





1. Minha filha querida, que me inspira a buscar o auto-conhecimento diariamente para melhorar como ser humano e a me empenhar na construção de uma nova realidade, com um futuro melhor para que ela possa viver e conquistar tudo o que quiser na vida.


2. Meus pais, que não só colaboraram financeiramente mas também me deram forças para prosseguir e todo o apoio que puderam. Especialmente minha amada mãe que ativamente compartilhou com todos os seus amigos e nos grupos que participa, orgulhosamente da minha campanha e que apesar de não ter escolhido nenhuma recompensa é a responsável maior pela minha garra e determinação, além das belíssimas fotos do projeto.
3. A minha tia Luenira Felske Gabriel, que mesmo sem entender direito a enorme importância que este projeto representa para a minha vida, foi uma das primeiras a contribuir na campanha com muito amor.
4. A minha tia Angélica Felske Gabriel, que apostou no projeto sem me pedir qualquer explicação com uma fé inabalável e que seja o que Deus quiser!
5. A minha tia e madrinha Julaide Felske Gabriel Rohde, que quis tanto ajudar depois de ter me visitado aqui em Brasília e ter ficado encantada com todos os caminhos alternativos que estão surgindo e já gerando frutos aqui no Brasil e me mandou com muita alegria a sua contribuição.
6. A minha amada irmã Tiffani Felske Magalhães, que me escrutinou o suficiente para então colaborar com orgulho.
7. A minha prima querida Camila Adaime Gabriel que mesmo estando longe e curtindo o namorado conseguiu colaborar com entusiasmo.
8. A minha madrinha Talita Pereira Ribeiro Dantas por me apoiar desde o início e me estimular a continuar com o projeto antes mesmo de lançá-lo, colaborando com alegria!
9. Ao meu novo amigo, o marido da minha madrinha Marcos Freitas que surpreendentemente colaborou com fé!
10. Ao querido que conheci em um talk sobre Economia Colaborativa, com a Camila Haddad, o incrível Pedro Henrique Rodriques de Melo Cunha que colaborou com fé, pois além de acreditar promove tudo aquilo em que acredita.
11. A minha querida amiga, mesmo longe em outro mundo com seus grandes desafios, Mariana Lemes Fernandes que colaborou com orgulho e me fez mais confiante de seguir sempre em frente, precisamos nos reencontrar!
12. A minha companhia de tantas horas e momentos de confidências Luana Mota colaborou com fé e foi o suficiente para o sucesso.
13. A amada Ana Lucia Espindula que traz sempre alegria e bons momentos com seu ótimo humor e colaborou com o seu entusiasmo.
14. A incrível Joelma Adriana Santos que inspira atitude de mudança e promove a construção de uma nova realidade e colaborou com entusiasmo.
15. Aos meus admiráveis amigos que colaboraram anonimamente e/ou não quiseram recompensa alguma, gratidão!

Cada real foi muito valioso e mais importante que isso, o carinho e o cuidado no tempo em que dispuseram para demonstrar esse gesto de apoio ao meu projeto, me senti encorajada e querida a cada retorno que recebi.

Quero também agradecer imensamente a todos aqueles que vieram me procurar, que demonstraram qualquer opinião mesmo que contrária ao projeto, pois me possibilitaram crescer e perceber pontos a melhorar.

Gratidão! _/\_ Ahooo *.*

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Diário de viagem:

Dia 04/01/16 – O ônibus com destino a Chapecó – SC saiu da Nova Rodoviária de Brasília pontualmente às 19:20.
A viagem começou com uma sensação de liberdade e logo fiz amizade com a moça que viajou comigo até São José do Rio Preto – SP e desembarcou para continuar sua viagem até Araçatuba, as 5:45 da manhã do dia 05/01.
Fomos compartilhando histórias, conhecimento, aprendizado e ideais, além de balas de canela e Gergeliko...
Trocamos contatos e nos despedimos com um abraço carregado de emoção de quem conheceu mais um amigo para a vida.
O ônibus prosseguiu e a cada parada ficava cada vez mais certo de que levaria mais tempo a chegar ao destino Chapecó.
Um pouco antes de passar por Pato Branco, consegui acessar o facebook no celular, procurando por carona junto com os voluntários que estavam se deslocando até o Mutirão. Logo entrei em contato com uma voluntária que vinha com uma amiga de carro, saindo de Londrina, e que tinham parado em Pato Branco – PR para descansar antes de prosseguir viagem.
Eu ainda não tinha recebido o dinheiro da campanha do Kickante e estava com o orçamento bem apertado, então não pude pagar diária em Pato Branco para ir com as meninas. Segui até Chapecó com a esperança de encontra-las lá. Porém cheguei às 03:30 da manhã do dia 06/01 na rodoviária e elas só sairiam de Pato Branco depois do café da manhã.
Apesar de a rodoviária ter um aspecto um tanto fantasmagórico, por conta de não ter nada funcionando aparentemente, encontrei uma lanchonete aberta e seus dois funcionários assistindo à filmes de terror. Um dos filmes era “A invasora” e a atriz grávida lembrava muito a aparência da minha mãe quando jovem.
O ônibus que saía para Nonoai – RS tinha horário para as 05:40. Fiquei esperando, tentando me manter acordada, até as meninas acordarem em Pato Branco, tomarem café e virem à Chapecó. Mas quando já era umas 06:40 e eu já não conseguia mais me aguentar acordada e descobri que o preço de passagem não era tão alto quanto eu havia calculado resolvi pegar o ônibus.
Então revendo novamente o dinheiro disponível e não tendo tido ainda nenhum sinal das meninas, achei melhor descansar dentro do ônibus e assim fui a Nonoai. Cheguei lá por volta das 08:00 horas e descobri que o ônibus para Alpestre – RS só sairia às 10:30.
Fui até uma agência do Banco do Brasil sacar os 110 reais que estavam na minha conta e na volta passei no supermercado que tinha café com bolachas e cuca disponíveis para “experimentar” e então tomei café da manhã, comprei papel higiênico pois pensei que era algo que eu deveria ter e voltei para a rodoviária para comprar a passagem até Alpestre e aguardar o ônibus... Lá era mais tranquilo e eu me ajeitei em um banco de madeira do saguão e deitei um pouco.
Não fazia ideia de que ainda precisava viajar por mais 50 km até Alpestre e nesse período eu dormi dentro do ônibus, toda torta... Mas o cansaço imperava pois já faziam 39 horas que eu estava viajando desde Brasília.
Ao chegar em Alpestre (ao meio-dia) conheci mais quatro voluntários que estavam no mesmo ônibus que eu. Fomos almoçar em um restaurante perto da praça e lá se foram meus últimos 10 reais, após conseguirmos deixar nossas bagagens com o pessoal da rodoviária e termos descoberto que o ônibus que leva até a Vila Dom José só saía às 17:00 horas.
Tendo muito tempo disponível na aparente pacata cidade de Alpestre, e diga-se de passagem, bastante quente durante o verão, decidi-me por buscar um lugar onde pudesse tomar um banho. Fui informada de que no posto de gasolina havia um chuveiro, chegando lá, perguntei à simpática senhora que cuidava da lojinha do posto se podia tomar uma ducha. Tomei.
Assim que levei minhas coisas de volta à rodoviária fui informada de que havia uma pessoa à minha procura. Pensei que podia ser a Juliana e olhei o celular. Era ela mesma. Fomos então à procura de mais um dos quatro voluntários pois ainda tinha um lugar no carro para irmos à Dom José.

Chegamos às 17:00 horas e fui correndo montar a barraca: só pensava em descansar um pouco. Mas não foi bem assim: como não trouxe bomba para encher o colchão, precisei deitar em outro lugar até que a pessoa que tivesse a bomba chegasse (o Luís, espanhol que fala português de Portugal).