sábado, 6 de fevereiro de 2016

Diário de Viagem _ Chegada a Alpestre - Continuação

Chegada a Alpestre 06/01/16:
Acordei às 19:16, um pouco atordoada ainda, mas já descansada. Nesse tempo em que dormi várias pessoas chegaram também, entre elas o Luis. O céu estava bem claro ainda, mas da cozinha já vinha um aroma delicioso e convidativo do jantar. Fui até a Amanda, voluntária da parte administrativa e perguntei sobre quem era o Luis e a lembrei de que eu ainda precisava da bomba para encher meu colchão inflável. Eu tinha uma certa pressa pois imaginava que já ia escurecer e eu não tinha levado lanterna, mas para minha surpresa o sol só foi se pôr perto das 21:00.
Logo que terminei de encher o colchão, dois voluntários que estavam dividindo a barraca ao lado, o Eduardo, do Rio de Janeiro, e o Luis, de Foz do Iguaçu, me pediram a bomba também. Ainda estava cedo, peguei uma muda de roupa, minha toalha e minha necessaire e fui tomar banho. Do chuveiro só saía um filete de água "gelada", que era quente pois o clima era muito calor.
Às 20:00 tocaram o sino para o jantar.
Todos fizeram um círculo dentro da cozinha e se deram as mãos. O Felipe (um colombiano) tocou seu violão e todos cantaram umas músicas de agradecimento. Uma delas era bem curiosa e impregnava facilmente na mente:
"Eu estou bem!
Tudo está bem!
Cada celulinha do meu corpo está bem!
Cada celulinha do meu corpo está alegre!
Cada celulinha do meu corpo está bem!"
E essa estrofe era repetida infinitamente até que todos estivessem com sorrisos nos rostos. Algumas pessoas dançavam em seus lugares enquanto cantavam. A cozinha tinha uma equipe fixa de voluntários, sendo que um era inteiramente responsável pelo almoço e outro pelo jantar (sobre decidir o que será preparado, cozinhar e orientar todos que estiverem ajudando), dois voluntários para preparar o café-da-manhã, que era servido pontualmente às 7:00 com exceção dos domingos onde era servido às 8:00.
Na Estação de Permacultura Marcos Ninguém (EMN) a cozinha é considerada o coração pois é onde todos se alimentam e se conversam, onde os avisos são dados, onde há uma colaboração constante para garantir todo o funcionamento da estação por inteiro. Assim sendo, durante o agradecimento pelo alimento, a equipe de voluntários da cozinha sempre é ouvida (normalmente apenas um fala pela equipe toda).
Após o agradecimento uma fila se organizou de maneira completamente orgânica (não tinha uma ordem certa, quem estava mais próximo de onde seria o início dela ficava onde estava, pegava um prato e ia sendo servido, e os que estavam em outros lugares iam se encaminhando para o final dela, sem qualquer correria ou "esperteza"). Aproximadamente 5 voluntários ficavam atrás das mesas servindo as comidas que estavam em grandes panelas e travessas que eram dispostas logo após das pilhas de pratos de vidro e talheres que cada um pegava.
A dieta da EMN é vegetariana e muitos voluntários são também Veganos (com dieta vegetariana estrita, ou seja, não comem absolutamente nada que contenha algum ingrediente proveniente de animais, como ovos, leite e mel). No primeiro jantar que tivemos tinha: arroz, feijão, batata doce com pimentão colorido e cebolas refogadas, salada de repolho com cenoura ralada, manga e pepino. Para quem gostava, tinham três vidros com tipos diferentes de pimenta além de farinha (de mandioca).
Podíamos escolher sentar nas cadeiras e mesas da cozinha ou jantar lá fora nos bancos e mesas da varanda da frente, eu sentei lá fora. Ainda estava me ambientando então simplesmente não opinei com relação ao que foi servido e à quantidade de comida que colocaram no meu prato, mas era muita comida (e eu comi tudo!). Fiquei observando e escutando as pessoas conversando, todos muito amistosos, alguns eram mais observadores e ficavam mais quietos, como eu também.
Ao terminar fui ter minha primeira experiência com a Lavagem Permacultural: tinha um cesto grande com tampa onde os restos de alimento eram raspados do prato e 4 mesas escolares com 4 bacias grandes em cima de cada mesa. Na primeira bacia, cheia de água, mergulhei o prato e os talheres e passei as mãos para limpar a sujeira, tirar o excesso de comida. Entre a primeira e a segunda bacia, havia um pires com sabão e bucha, lavei o prato e os talheres com ela e os mergulhei na segunda bacia com água para tirar o sabão. Na terceira bacia, com água mais limpa, passei os talheres e o prato para tirar qualquer resquício de sabão e então os coloquei na última bacia para escorrer. 

Voltei até a varanda onde as conversas ainda estavam animadas e após todos terem terminado de jantar e lavar sua louça, fizeram uma reunião para nos explicar como seria nosso mutirão, as regras da estação e etc.

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